Dengue, zika e chikungunya juntas matam mais que todos os tipos de meningites, tuberculose, H1N1

Lêda Gonçalves - Repórter

De acordo com os mais recentes boletins epidemiológicos da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), um número cada vez mais alto de casos novos dessas enfermidades surgidas no mesmo local e período teve aumento de suas incidências. A dengue registra 221,6 casos a cada grupo de 100 mil habitantes. A febre chikungunya já está em 291,6 ocorrências positivas para o mesmo total de pessoas. Dados bem superiores à Aids, câncer da mama ou da próstata. A primeira tem 2,3 casos por 100 mil, a segunda, 46,30 e a terceira doença, 57,52 para cada grupamento de 100 mil moradores.
As três somam, até o dia 8 de julho, 38 mortes no Estado. As diversas formas de meningite, por exemplo, mataram 14 pacientes, a tuberculose, 29 pessoas e a H1N1, 17infectados.
Ainda segundo os boletins da Sesa, até o último dia 15, o Ceará soma 19.728 confirmações da dengue, com 14 óbitos. Ainda em investigação existem 43 casos de formas graves, destes 38 óbitos suspeitos. Fortaleza tem incidência de 367,2 e 9,5 mil casos positivos.
Municípios
A chikungunya marca 10,5 mil registros confirmados e três óbitos. Fortaleza possui 270 casos a cada 100 mil habitantes. Essa é a média do Estado, no entanto, municípios como Nova Russas, Campos Sales, Assaré e Capistrano apresentam incidências acima de mil. Por sua vez, a microcefalia associada ao zika vírus tem 127 casos confirmados no Ceará e já matou 21 pessoas.
A infectologista e diretora do Hospital São José, Tânia Mara, pondera que o Ceará enfrenta epidemias de chikungunya e dengue e que o período favorece o aumento dos focos do mosquito Aedes aegypti. "Além do mais, quase toda a população está suscetível à primeira e sem imunidade. A segunda continua fazendo vítimas porque tem quatro sorotipos e, sem dúvidas, muita gente ainda vai contrair um desses tipos", explica.
Espaço
O mosquito se especializou em dividir o espaço com o homem, afirma a médica. "No entanto, está cada vez mais difícil eliminar esse vetor. Por isso, a meta é controlá-lo, o que também não é nada fácil. Seria necessário uma campanha voltada para a saúde e educação", aponta.
Também, diz, se trata de um mosquito flexível em seus hábitos de alimentação. A bióloga Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), ressalta que o Aedes aegypti é, geralmente, diurno: prefere sair em busca de sangue pela manhã ou no fim da tarde, evitando os momentos mais quentes do dia. "Mas ele é oportunista. Se não tiver conseguido se alimentar de dia, vai picar de noite. Isso não ocorre com o pernilongo, por exemplo, que é noturno e só vai estar quando o sol começa a se pôr", explica.
Segundo a pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus, considerado uma das espécies de mosquito mais difundidas no planeta pela Agência Europeia para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), o Aedes aegypti - nome que significa "odioso do Egito" - é combatido no País desde o início do século passado.
Mais informações
Para denunciar focos do Mosquito Aedes aegypti em Fortaleza, a população pode ligar para a Ouvidoria da Saúde 0800.275.1364
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