domingo, 26 de julho de 2009

À prova de pancadas

Médico americano cria cirurgia que diminuio o sangramento facial dos lutadores de vale-tudo. Desde os 14 anos, o lutador americano Marcus Davis sofria com a propensão que sua pele tinha de se abrir diante do mais leve dos impactos. Mesmo em treinos, quando lutava protegido por uma máscara, seu rosto se rasgava com facilidade e o intenso fluxo de sangue que brotava dos cortes comprometia seu desempenho. O problema aumentou quando, aos 19 anos, Davis entrou para o mundo do vale-tudo - onde não só os socos, mas as joelhadas e as cotoveladas são comuns.
A partir daí, suturar os machucados depois dos combates virou rotina. Em 16 anos de esporte, o atleta contabilizou 77 suturas nos supercílios. Em 2008, aos 35 anos, sua pele não aguentava mais tantos pontos e ele estava prestes a se aposentar, quando foi apresentado ao cirurgião plástico Frank Stile, de Las Vegas. O médico prometia o impossível: um rosto blindado, um ativo precioso para um lutador.
Entusiasta do vale-tudo, Stile não se conformava com os remendos feitos por médicos despreparados em atletas de ponta como Davis. Sua proposta era fazer uma cirurgia para remover o tecido remendado em volta do olho do atleta, arredondar a órbita ocular e selar o osso com placas de pele enriquecida com colágeno (leia quadro). "Do jeito que a minha pele estava, não duraria por mais muito tempo", disse Davis à ISTOÉ. "A cirurgia deu sobrevida à minha carreira." Nas três lutas em que o atleta disputou depois, seu rosto não abriu nenhuma vez. A intervenção, que custaria US$ 7,5 mil (R$ 14,3 mil), não foi cobrada por Stile, que tem multiplicado rendimentos com a exposição que tem recebido.
"É um procedimento muito novo", conta Sérgio Batarelli, presidente da Confederação Brasileira de Lutas Vale Tudo. "Nem as associações atléticas dos Estados Unidos se manifestaram sobre o assunto", diz. Intervenções cirúrgicas são corriqueiras nos esportes de luta. É comum entre os boxeadores, por exemplo, tirar a cartilagem nasal depois de muitas fraturas. Mas nada chega aos pés do que se propõe Stile. "É a medicina trabalhando para melhorar o esporte", aposta Rudimar Fedrigo, no vale-tudo há três décadas. Mas nem todos estão animados com a novidade. "Isso é um tipo de doping", diz Rolker Gracie, da Academia Gracie de jiu-jítsu. É esperar para ver como o esporte absorverá a novidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário