quinta-feira, 16 de julho de 2009

Unidade de AVC começa a funcionar em setembro

O Estado registra 20 mil novos casos de AVC por ano. Destes, quatro mil morrem em 30 dias e 5 mil ficam incapacitados. paciente M.M.O, 80 anos, teve um acidente vascular cerebral (AVC), mas a doença não foi diagnosticada pelo médico da emergência do Hospital Geral de Fortaleza (HGF) e a idosa ficou em uma maca no corredor. Só mais tarde, a paciente foi examinada por um neurologista e retirada dali. O chefe da Neurologia e coordenador do Comitê Estadual de Atenção às Doenças Cerebrovasculares da unidade, o neurologista João José de Carvalho, lamenta o incidente e diz que, para corrigir essas falhas, “vamos inaugurar em setembro a Unidade de AVC do HGF, que será a maior do Brasil”.Ele lastima que pacientes com AVC ainda sejam atendidos nos corredores do HGF, “apesar da nossa orientação contrária, mas isso vai acabar, como aconteceu em Joinville, após a implantação da unidade de AVC em um hospital público da cidade”, pondera.Mesmo com a atual estrutura, o neurologista João José de Carvalho garante que o hospital é a principal estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS) capacitada para dar uma resposta aos pacientes acometidos pela doença. “Por mês, atendemos entre 180 a 200 casos novos de AVC no HGF”, revela.A partir de setembro, quando entrar em funcionamento a unidade de AVC do HGF, “o hospital terá neurologistas 24 horas. Contaremos com uma equipe formada por 12 neurologistas, 40 enfermeiros e 80 auxiliares de enfermagem. “Enfermeiros e auxiliares estão sendo treinados para trabalhar na unidade”, acrescenta. A Unidade de AVC do HGF será equipada com um tomógrafo de última geração, o “multi-slice” - equipamento que hoje só existe no Ceará em um hospital da rede particular.“O aparelho permite uma série de imagens, em curto espaço de tempo, que mostra com precisão as limitações do fluxo sangüíneo, informações importantes para definição do quadro clínico. Hoje sabemos que só podemos recuperar o paciente nas primeiras três horas após o AVC”, esclarece o chefe de Neurologia do HGF.Riscos da doençaDe acordo com o chefe da Neurologia do HGF, o AVC é a principal causa de morte no Ceará. Dos pacientes acometidos por um AVC, cerca de um quinto morrem, um quinto ficam com incapacidade grave, um quinto ficam com incapacidade moderada, um quinto com incapacidade leve e apenas um quinto retornam as suas funções anteriores.Ainda não há dados oficiais sobre a incidência de casos novos de AVC registrados por ano no Estado. João José de Carvalho diz, no entanto, que os dados das certidões de óbito demonstram que o AVC é a primeira causa isolada de morte entre os cearenses.O chefe da Neurologia do HGF revela, no entanto, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que devemos ter 2,4 novos casos de AVC por 1.000 habitantes/ano e 13,4 pessoas com seqüelas de AVC por 1.000 habitantes/ano.Nesse caso, “considerando a atual população cearense, teríamos aproximadamente 20 mil novos casos de AVC por ano cujos sobreviventes se juntariam aos 120 mil cearenses que vivem com seqüelas da doença”, acrescentou.PrevisãoNa visão do neurologista, esse cenário tende a piorar nos próximos anos. Os casos de AVC aumentam com a idade, duplicando a cada década após os 55 anos, agravados por outros fatores de risco como diabetes, colesterol alto, hipertensão, fumo, uso excessivo do álcool e sedentarismo. Além disso, o fenômeno do envelhecimento da população provocará um aumento no número de AVC´s, com taxas superiores a 10% a cada década. “É imperativo uma tomada de atitude no âmbito da saúde pública para o enfrentamento do problema. Nesse sentido, a Unidade de AVC do HGF, integrada ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), vai mudar a assistência no Ceará”.NO CEARÁ20 mil novos casos de AVC são diagnosticados por ano15 mil pessoas têm o primeiro AVC a cada ano5 mil pacientes terão AVC por duas, três e, inclusive, quatro vezes4 mil pessoas têm ataque isquêmico transitório a cada ano no Estado4 mil pessoas com AVC morrem em 30 dias e 6 mil dentro de um ano5 mil pessoas vítimas de AVC, em média, ficam incapacitadas

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