terça-feira, 30 de junho de 2009

Com o relançamento no Brasil do livro O Universo numa Casca de Noz (Ediouro, 216 págs., R$ 59,00), do físico inglês Stephen Hawking, que já superou a casa dos 100 mil exemplares vendidos no país, o fato de um estudo sobre a doença do gênio ter ganhado o Prêmio PG de Medicina Internacional ganha novo peso.O estudo sagrou-se vencedor ao ser avaliado como a melhor tese sobre Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) - doença neurológica caracterizada pela morte de neurônios motores e pela contínua atrofia muscular. Desenvolvida pelo professor belga Peter Carmeliet, a pesquisa demonstra que a proteína VEGF-B pode desempenhar função neuroprotetora, isto é, proteger o neurônio motor da ação degenerativa da ELA.
De origem desconhecida e difícil diagnóstico, a ELA é uma doença caracterizada pela neurodegeneração, isto é, pela contínua morte de neurônios motores - os responsáveis pela transmissão de impulsos nervosos que possibilitam aos músculos executarem movimentos voluntários. Sua evolução causa progressiva fraqueza, dificuldade de realizar movimentos e atrofia muscular que num período variável, de dois a cinco anos, na maioria dos casos, leva o paciente ao óbito.
Rara
Com incidência de 1 a 2,5 casos em cada 100 mil habitantes/ano (segundo dados do Sistema Único de Saúde), a ELA age tanto sobre o primeiro neurônio motor (superior - parte do córtex cerebral e do tronco encefálico) quanto o segundo neurônio motor (inferior - parte da medula espinhal em direção aos músculos).
Não contagiosa, a mais comum doença do neurônio motor incide sobretudo em homens adultos, de etnia branca, entre 40 e 50 anos. Além da fraqueza muscular, a ELA provoca cãibras, espasmos, reflexos exaltados e, em casos mais avançados, dificuldade para falar, engolir e respirar. Contudo, a patologia não afeta as faculdades mentais e psíquicas, nem a visão, audição, tato, olfato, paladar, tampouco as funções sexual, intestinal e vesical. O Prêmio PG de Medicina Internacional é uma iniciativa nacional que visa fomentar as pesquisas médicas - sobretudo, as relacionadas à ELA. Desenvolvido bienalmente pelo Instituto Paulo Gontijo (organização sem fins lucrativos), a premiação concede o valor de R$ 50 mil à melhor tese.
Atenuar progressão
Peter Carmeliet demonstrou que o VEGF-B é u m fator neuroprotetor ao aplicá-lo em ratos com mutação no gene SOD1 - uma das causas para surgimento de ELA. A proteína conferiu maior sobrevida aos ratos e não provocou efeitos colaterais.
"Esse estudo mostra que o modelo animal pode ser modulado. É mais uma forma de atenuar características clínicas da doença, de forma segura", aponta o biólogo e doutorando em genética do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, Miguel Mitne Neto.
Peter Carmeliet é PHD em Higher Education in Medicine, pela Universidade de Leuven. Reconhecido com mais de 40 prêmios e homenagens, lecionou em diferentes cursos de instituições como Universidade de Leuven, Bruxelas e Harvard. Atualmente, dirige o Departamento Neurovascular do VIB Centro de Pesquisas Vesalius, da Universidade de Leuven.
Ainda sem cura, os tratamentos empregados em pacientes de ELA visam retardar a evolução da doença e melhorar a qualidade de vida.

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