As circunstâncias do desastre do voo AF 447, da Air France, que caiu no Oceano Atlântico dia 31 de maio, acrescenta uma dificuldade ao já trágico caso: o resgate e reconhecimento das vítimas. A Força Aérea e a Marinha brasileiras trabalham na busca dos corpos em alto mar, e a tarefa de identificação dos passageiros pode ser complexo. Entenda a seguir como funciona essa operação e quais os seus obstáculos, a partir de esclarecimentos do perito Elvis Adriano de Oliveira, secretário da Associação Brasileira da Medicina Legal (ABML).
1. Como funciona o processo de reconhecimento das vítimas em acidentes como este?
Um dos fatores que mais influencia o trabalho de reconhecimento de vítimas é obviamente o estado dos corpos. Uma vez que as primeiras informações indicam que a aeronave voava a uma altura de aproximadamente 11 quilômetros quando caiu, é provável que tenha se partido na queda - o que pode provocar a fragmentação dos corpos. Isso pode dificultar o reconhecimento, já que características como sexo, idade, peso e altura são fundamentais para o processo de identificação de um indivíduo.
2. Quais são as possíveis formas de identificação?
A primeira de todas é o reconhecimento pela família, mas só é possível quando o corpo mantém todas as suas características. Excluída essa possibilidade, uma forma bastante eficiente é a coleta de impressões digitais, que pode ser feita mesmo em cadáveres em decomposição. Sinais permanentes como tatuagens, cicatrizes e marcas de nascimento também ajudam. A arcada dentária é outra forma bastante utilizada pelos peritos: não à toa, ela é chamada de "caixa preta do individuo", porque contém informações que o identificam e dizem como ele viveu. O passo seguinte é o exame de DNA, pelo qual uma amostra de tecido da vítima é comparada à de um familiar.
3. O que mais pode ajudar na identificação?
Assim que os corpos são retirados do mar, eles são acondicionados juntamente com objetos encontrados próximos a ele. Isso porque adereços como roupas, anéis, correntes e outros objetos auxiliam no reconhecimento. Fotografias das vítimas também ajudam no processo, pois podem permitir a comparação a partir do formato do crânio.
4. A ação da água do mar dificulta a identificação?
A decomposição do cadáver é mais acelerada na água. Além disso, o clima e a temperatura do oceano influenciam bastante na conservação ou não. Por exemplo: se o corpo ficou em local quente, a deterioração acontece de forma mais rápida. Daí, a importância de se proceder o resgate o mais rápido possível.
5. Se o resgate dos corpos demorar muito, a identificação das vítimas pode se tornar impossível?
Não. Até mesmo em um pequeno fragmento de matéria orgânica possibilita o reconhecimento, por exame de DNA, por exemplo. Ocorre, porém, que à medida que o tempo passa, os obstáculos ao reconhecimento de fato crescem, demandando o trabalho de profissionais cada vez mais treinados.
6. Por que os corpos demoraram a aparecer na superfície do mar?
Em caso de óbito no mar, o corpo passa por diferentes fases. Por volta do segundo ou terceiro dia, a tendência é que ele volte à superfície, devido a um processo conhecido como decomposição gasosa - que o torna menos denso do que a água. Isso pode durar dois ou três dias. Depois, porém, o corpo volta a afundar, o que pode ser definitivo. Todo o processo, contudo, sofre variações devido a fatores como temperatura da água e constituição física do indivíduo.
7. Por que só parte das vítimas foi encontrada?
Essa questão só poderá ser respondida depois do esclarecimento das causas do acidente. Se o avião não explodiu, por exemplo, ele pode ter afundado e os corpos, ficado presos entre os destroços da aeronave. Além disso, há outros fatores que dificultam a busca, como os já citados na questão anterior e o fato de que os corpos poderem ter sido dispersos pela correnteza marinha.
8. O trabalho de identificação pode contribuir de alguma forma para descobrir as causas do acidente?
Sim. Uma necropsia bem feita pode ajudar na investigação das razões da tragédia. É importante, assim, observar os padrões da causa das mortes, como fraturas e queimaduras. Esses elementos fornecem informações importantes, como a ocorrência de explosões ou incêndio da aeronave, por exemplo.
1. Como funciona o processo de reconhecimento das vítimas em acidentes como este?
Um dos fatores que mais influencia o trabalho de reconhecimento de vítimas é obviamente o estado dos corpos. Uma vez que as primeiras informações indicam que a aeronave voava a uma altura de aproximadamente 11 quilômetros quando caiu, é provável que tenha se partido na queda - o que pode provocar a fragmentação dos corpos. Isso pode dificultar o reconhecimento, já que características como sexo, idade, peso e altura são fundamentais para o processo de identificação de um indivíduo.
2. Quais são as possíveis formas de identificação?
A primeira de todas é o reconhecimento pela família, mas só é possível quando o corpo mantém todas as suas características. Excluída essa possibilidade, uma forma bastante eficiente é a coleta de impressões digitais, que pode ser feita mesmo em cadáveres em decomposição. Sinais permanentes como tatuagens, cicatrizes e marcas de nascimento também ajudam. A arcada dentária é outra forma bastante utilizada pelos peritos: não à toa, ela é chamada de "caixa preta do individuo", porque contém informações que o identificam e dizem como ele viveu. O passo seguinte é o exame de DNA, pelo qual uma amostra de tecido da vítima é comparada à de um familiar.
3. O que mais pode ajudar na identificação?
Assim que os corpos são retirados do mar, eles são acondicionados juntamente com objetos encontrados próximos a ele. Isso porque adereços como roupas, anéis, correntes e outros objetos auxiliam no reconhecimento. Fotografias das vítimas também ajudam no processo, pois podem permitir a comparação a partir do formato do crânio.
4. A ação da água do mar dificulta a identificação?
A decomposição do cadáver é mais acelerada na água. Além disso, o clima e a temperatura do oceano influenciam bastante na conservação ou não. Por exemplo: se o corpo ficou em local quente, a deterioração acontece de forma mais rápida. Daí, a importância de se proceder o resgate o mais rápido possível.
5. Se o resgate dos corpos demorar muito, a identificação das vítimas pode se tornar impossível?
Não. Até mesmo em um pequeno fragmento de matéria orgânica possibilita o reconhecimento, por exame de DNA, por exemplo. Ocorre, porém, que à medida que o tempo passa, os obstáculos ao reconhecimento de fato crescem, demandando o trabalho de profissionais cada vez mais treinados.
6. Por que os corpos demoraram a aparecer na superfície do mar?
Em caso de óbito no mar, o corpo passa por diferentes fases. Por volta do segundo ou terceiro dia, a tendência é que ele volte à superfície, devido a um processo conhecido como decomposição gasosa - que o torna menos denso do que a água. Isso pode durar dois ou três dias. Depois, porém, o corpo volta a afundar, o que pode ser definitivo. Todo o processo, contudo, sofre variações devido a fatores como temperatura da água e constituição física do indivíduo.
7. Por que só parte das vítimas foi encontrada?
Essa questão só poderá ser respondida depois do esclarecimento das causas do acidente. Se o avião não explodiu, por exemplo, ele pode ter afundado e os corpos, ficado presos entre os destroços da aeronave. Além disso, há outros fatores que dificultam a busca, como os já citados na questão anterior e o fato de que os corpos poderem ter sido dispersos pela correnteza marinha.
8. O trabalho de identificação pode contribuir de alguma forma para descobrir as causas do acidente?
Sim. Uma necropsia bem feita pode ajudar na investigação das razões da tragédia. É importante, assim, observar os padrões da causa das mortes, como fraturas e queimaduras. Esses elementos fornecem informações importantes, como a ocorrência de explosões ou incêndio da aeronave, por exemplo.
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