sábado, 27 de junho de 2009

Passageira é atendida dentro de avião da TAM

Bastou um caso ser confirmado em Fortaleza para a apreensão mais uma vez se instalar entre quem viaja de avião. Pior ainda se algum passageiro, ainda na aeronave, é atendido por apresentar sintomatologia típica da Influenza A (H1N1). No vôo 3324, da TAM, que chegou de São Paulo às 0h05 da madrugada dessa sexta-feira, uma passageira precisou ser atendida ainda na aeronave e depois no pátio do Aeroporto Internacional Pinto Martins, em uma ambulância e seguiu para o Hospital São José, unidade para onde são enviados os casos suspeitos da doença.O infectologista Anastácio Queiroz, diretor-geral do Hospital São José, disse que a mulher deu entrada na unidade com sintomas de febre e tosse. “O médico de plantão colheu amostras necessárias da secreção para realizar o exame que identifica a doença. O material foi enviado para o Laboratório Evandro Chagas, em Belém. para análise”, revelou.Segundo Queiroz, a passageira, além de apresentar os sintomas iniciais da doença, preencheu os critérios do Ministério da Saúde (MS) que solicita o monitoramento de todas as pessoas que chegam de países afetados pela gripe suína. “Ela esteve na Argentina e chegou a Fortaleza com febre e tosse. Essa pessoa foi medicada no hospital e fica sob suspeita de ter contraído a gripe suína”, relatou o médico.Nesses casos, explica Anastácio Queiroz, o hospital tem a obrigação de coletar material da pessoa e orientar a paciente sobre os cuidados básicos de higiene e pessoais que ela deve tomar durante o isolamento doméstico de dez dias, enquanto o resultado do exame não é divulgado pelo Ministério da Saúde à Secretaria da Saúde do Estado (Sesa).Na visão do infectologista, essas medidas de prevenção são necessárias para que uma pessoa com a gripe suína não transmita a doença para outras pessoas. Diante desse risco, “há toda essa preocupação. No caso da passageira da TAM, após a coleta do material, ela foi medicada no hospital e encaminhada para a sua residência, sem necessidade de internação. O quadro dela é leve”, esclareceu do diretor.Segundo ele, desde que a doença começou a amedrontar por se tratar de pandemia, apenas duas pessoas ficaram de fato internadas no São José, sendo que só um caso foi confirmado. “A maioria vai para casa. A internação é necessária se o indivíduo não se alimenta, precisa de medicação intravenoso, está muito debilitado, com pneumonia ou outra doença que se agravou com a gripe e, se for para casa corre o risco de piorar. Estes casos, temos de internar”, conclui. VÔO MONITORADOAtendimento gerou apreensãoO administrador de empresas Sérgio Leite, que estava no vôo da TAM, conta que os passageiros ficaram com medo: primeiro porque o avião foi estacionado longe dos outros e, em segundo lugar, porque o comandante avisou que havia uma passageira com sintomas típicos da gripe suína, inclusive febre alta, e, por isso, necessitava de atendimento.Por conta disso, acrescentou, ele (o comandante) pediu que todos os passageiros permanecessem sentados, até a mulher ser atendida. Como explica Sérgio Leite, seis funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outros dois da TAM entraram no avião protegidos com máscaras e luvas e foram para a parte mais da frente do veículo, onde a passageira estava sentada.Na opinião do administrador, aparentemente, ela viajava sozinha, mas outra mulher que estava ao lado disse que a pessoa em questão vinha da Argentina, entrara no avião, em São Paulo, sem máscara, e colocara a proteção apenas ao entrar na aeronave.Ainda conforme Leite, os passageiros permaneceram na aeronave, sem poder desembarcar, por cerca de 20 a 30 minutos. Após ser atendida no avião, a mulher foi levada pela equipe a uma ambulância, que estava no pátio do aeroporto. Após alguns minutos e com a paciente dentro, o veículo saiu. Depois disso, os presentes foram informados de que a Anvisa ficaria com a lista dos passageiros e tripulantes para, se o caso for confirmado, entrar em contato para que os passageiros façam exames.Sérgio Leite conta que quem estava sentado mais perto da mulher foi argüído sobre a possível presença de sintomas. Em seguida, foram liberados. Ele não esconde sua apreensão. “A gente se preocupa porque estava no mesmo ambiente. Já tinha tomado a vacina da gripe há mais de um mês, mas nada específico para o vírus (H1N1)”, analisa. A responsável pelo posto da Anvisa no Aeroporto, Lúcia Lima, disse que a passageira, uma mulher de 29 anos, foi levada para o Hospital São José pela ambulância da Infraero. “A partir do momento que a pessoa sai do terminal, o caso suspeito é monitorado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesa)“.O atendimento à passageira, feito pelos ficais da Anvisa e o médico do Posto de 1º Socorros, dentro da aeronave, ocorre toda vez que a tripulação comunica que há uma anormalidade clínica. Se não há nada, os passageiros são liberados. CONTROLECeará tem seis casos em investigaçãoAumentou para seis os casos suspeitos de gripe suína no Ceará. Os exames que verificam cada situação estão sendo feitos em Belém (Pará), no Laboratório Carlos Chagas, referência no Norte e Nordeste. Embora em portos e aeroportos a situação esteja sendo monitorada, nas rodoviárias não há como se fazer qualquer tipo de controle.Essa é a avaliação do presidente do Comitê Estadual de Prevenção e Controle da Influenza A e coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manoel Fonseca. Isso porque o Ministério da Saúde determinou que essa vigilância se intensifique mais nos terminais rodoviários de cidades que fazem fronteira com outros países.Na opinião de Fonseca, não há motivo para aflição. O que aconteceu foi mais um sobreaviso, por conta do medo de que a gripe suína fizesse tantas vítimas como a aviária em 2008, em especial na Ásia. “Por isso também se estabeleceram tantos cuidados, principalmente com cardiopatas e imunodeprimidos, por exemplo, que podem ser infectados com mais facilidade e têm mais chance de ter a forma grave da doença, com pneumonia, que leva à morte”, frisa o coordenador.Embora hoje o nível de alerta contra a doença seja o C, o mais alto, há lugares descobertos de vigilância, como as rodoviárias. No caso do Ceará e de outros estados com forte apelo turístico, o risco é maior porque alguém pode chegar de avião, só apresentar sintomas depois de instalado na cidade e viajar de ônibus para outras localidades sem saber que está infectado.“Todos os casos novos são de alguém que entrou em contato com pessoas que tiveram a doença. Então não há transmissão comunitária. É impossível fazer controle em rodoviária porque há milhares circulando no país”, diz Fonseca.Além disso, o coordenador acredita que a gripe suína, aqui, está aparecendo de forma leve e, por isso, não requer esse tipo de vigília. A preocupação maior diz respeito às pessoas que vão viajar agora em julho e, ao voltarem para Fortaleza, possam estar contaminadas.Sobre o caso confirmado na última quinta-feira, Manoel Fonseca informa que a paciente está “muito bem” e permanece em quarentena até amanhã. Em relação aos casos suspeitos, ele afirma que todas as pessoas foram medicadas. Já o material colhido para exame foi encaminhado ao laboratório no Pará.“Toda pessoa que vem do exterior e apresenta sintomatologia deve ser investigada e notificada. É um alerta internacional, embora a doença mate menos de 1% dos infectados”.FIQUE POR DENTROSintomas são parecidos ao de uma gripe comumA gripe A (H1N1), que se popularizou como gripe suína, é uma doença respiratória causada por um vírus influenza tipo A e tem sintomas parecidos aos de uma gripe comum. Uma das diferenças é que os antecessores desse vírus causavam regularmente crises de gripe em porcos. Contudo, o problema não se limitou aos porcos e, ocasionalmente, o vírus venceu a barreira entre espécies e afetou humanos. O vírus da gripe suína clássica foi isolado pela primeira vez em um porco, em 1930.Desde então, o patógeno sofreu novas recombinações e se tornou mais capaz de infectar pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declara que o vírus é responsável por uma pandemia no mundo, pois está em todos os continentes. Entretanto, nem todas as pessoas que contraem o vírus morrem.Segundo a OMS, menos de 0,5% das pessoas com infecção confirmada pela nova forma de H1N1 vão a óbito. Além disso, como 30% dos que adquirem gripe permanecem assintomáticos e nem todo mundo vai ao médico por conta da influenza, a Organização Mundial estima que a porcentagem real de pessoas atingidas pela doença seja ainda maior.
MARTA BRUNO E SUELEM CAMINHA Repórteres

Nenhum comentário:

Postar um comentário