terça-feira, 22 de setembro de 2009

Cirurgia brasileira trata defeito em válvula cardíaca

Uma técnica cirúrgica desenvolvida por um médico brasileiro deverá se tornar referência em todo o mundo no tratamento da anomalia de Ebstein -má-formação cardíaca que provoca a dilatação do lado direito do coração, que, com o tempo, perde sua função.
Existem várias cirurgias para corrigir o defeito -a maioria faz a troca da válvula, substituindo-a por uma prótese. O problema é que o procedimento normalmente é feito em crianças e, com o passar dos anos, o paciente precisa passar por outra cirurgia para substituição dessa prótese.
Um dos principais especialistas na área, o cirurgião cardíaco José Pedro da Silva, do Hospital Beneficência Portuguesa, desenvolveu a chamada técnica do cone -método que usa o tecido da própria válvula doente para reconstruí-la, em forma de cone, para que ela volte a funcionar corretamente.
Os diferenciais da técnica do cone são que o paciente não precisa passar por outra cirurgia para trocar a válvula anos depois, não existe rejeição e ela reconstrói a válvula deixando a anatomia próxima do normal.
"Existem várias técnicas para corrigir o problema, pois a anatomia das válvulas é muito diferente em cada paciente. A vantagem do cone é que ele é capaz de atender a praticamente todos os tipos de anatomia e pacientes em qualquer idade", afirma o cirurgião.Experiência no Brasil
Silva reúne 88 casos de pacientes operados com sucesso usando a técnica do cone. Um estudo com os resultados foi apresentado nos EUA em 2006 e, desde então, a metodologia passou a ser usada por vários centros de cirurgia do mundo.
Na sexta-feira passada, um grupo de cirurgiões do German Heart Center Munich (Alemanha) veio ao Brasil para aprender a técnica. O cirurgião alemão Rüdiger Lange, que atualmente aplica outros métodos em seus pacientes, disse que a tendência é que o hospital passe a usar a técnica do cone em todos os procedimentos.
"Vim ao Brasil para ver como a cirurgia é feita. Pretendo passar a usá-la, pois, entre as técnicas existentes, essa é a única que realmente reconstrói a válvula do ponto de vista anatômico e funcional e apresenta os melhores resultados na qualidade de vida dos pacientes."
Marcelo Jatene, cirurgião cardíaco pediátrico do HCor (Hospital do Coração), usa a técnica do cone em seus pacientes desde o final de 2007. De acordo com ele, o método tem detalhes importantes que tornam o procedimento mais eficaz do que os outros.
"A tendência mundial é fazer cirurgias que preservem a válvula em vez de trocá-la. A técnica do cone tem a particularidade de conseguir consertar a válvula e também recuperar quase completamente a função cardíaca", afirma o médico.
Jatene diz que, apesar de ser uma cirurgia relativamente nova no mundo, trata-se de uma técnica que tende a ser difundida e ser escolhida como primeira opção. "A ideia nos centros que opero é usar sempre que possível a técnica do cone. Se a anatomia do paciente não permite, a gente pensa em outra alternativa", explica.
O cirurgião Gilberto Barbosa, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardíaca, também elogia a metodologia. Ele diz que a técnica brasileira é "bem original e criativa".
"A cirurgia beneficia fundamentalmente as crianças e tem resultados positivos. Melhora a sobrevida e tem menos mortalidade. Vários centros do mundo querem aprender a fazer."
A doença de Ebstein
A anomalia de Ebstein, que normalmente é descoberta na infância, é provocada por uma deficiência na válvula tricúspede (que fica entre o átrio e o ventrículo direitos). O defeito impede que a válvula funcione plenamente, fazendo com que o sangue que sai do átrio para o ventrículo volte para o átrio.
Assim, o sangue se acumula do lado direito do coração, que aumenta de tamanho. Os principais sintomas são cansaço, falta de ar, arritmias e pele arroxeada (por causa da dificuldade de oxigenação do sangue).

Um comentário:

  1. oi eu quero sabem que um greiça de 9 ano usa masi ele core isco de more

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