sábado, 12 de setembro de 2009

Plástica contra a enxaqueca

Cirurgia promete reduzir ou acabar com crises da doença e ainda atenuar as rugas.Estudo divulgado na edição deste mês do "Journal Plastic and Reconstructive Surgery", publicação da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica, sugeriu uma maneira interessante de tratar a enxaqueca. Para diminuir a frequência ou acabar com as crises, a recomendação é submeter-se a um lifting, operação que apaga as rugas e devolve a juventude ao rosto.
Parece estranho? Parece, mas não é, pelo menos segundo o trabalho. Conduzido por neurologistas e pelo cirurgião plástico Bahman Guyuron, da Universidade de Cleveland (EUA), o estudo avaliou a resposta de 75 pacientes com diagnósticos de dor moderada a grave. Quarenta e nove se submeteram à cirurgia. As incisões foram feitas nas têmporas, fronte ou nuca, dependendo do caso. Problemas como hipersensibilidade nervosa nessas áreas seriam os gatilhos responsáveis pela dor nesses doentes. Por isso, a finalidade do procedimento era desativar a rede nervosa da região, que conduz os sinais da dor até o cérebro. Algo como cortar a linha de um telefone para que não toque mais. Para finalizar, o local recebeu enxertos de gordura retirados dos próprios pacientes. Os outros 26 passaram por uma simulação: receberam a anestesia e as incisões, mas não tiveram os nervos desativados.
Um ano após a intervenção, 84% dos operados relataram redução de 50% na frequência das crises, contra 57% entre os que passaram pela simulação (credita-se o resultado ao efeito placebo). Dos pacientes que afirmaram diminuição na dor, 58% disseram ter se livrado definitivamente da sensação. Entre o grupo controle, esse índice foi de apenas 4%. "Isso mostra que a cirurgia, para esse perfil de paciente, é uma alternativa eficaz e segura, principalmente para quem não responde ao tratamento padrão", disse à ISTOÉ o médico Guyuron. "Além disso, eles rejuvenescem, ficando com as rugas bem atenuadas, ou melhoram a condição respiratória se o procedimento for feito na região do nariz." Ele afirma ter operado mais de 400 pessoas com a técnica.
Por aqui, o método foi recebido com cautela. "É um processo definitivo e não se conhecem seus efeitos a longo prazo", ponderou o cirurgião plástico Alexandre Senra, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O médico prefere apostar no botox - usado contra rugas e também contra a enxaqueca e cujos efeitos são temporários. "Muitos pacientes relatam grande melhora das crises depois das aplicações", diz. Na opinião do neurologista Deusvenir Carvalho, chefe do setor de cefaleia da Universidade Federal de São Paulo, também é preciso esperar mais para verificar a durabilidade dos benefícios. "A enxaqueca é uma doença muito complexa", argumenta. o médico, que não pretende indicar o procedimento a seus pacientes.

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