quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Pacientes com superbactéria são isolados em hospitais de São Paulo

Com aumento de casos da superbactéria KPC em São Paulo, hospitais estão isolando mesmo pacientes que têm o micro-organismo mas não apresentam sintomas. Ontem, em comunicado aos hospitais, a Secretaria Municipal da Saúde solicitou que surtos da bactéria superresistente aos antibióticos sejam notificados imediatamente ao núcleo de controle de infecção hospitalar.A Secretaria Estadual de Saúde informa que não foi notificado nenhum surto de Klebsiella pneumoniae Carbapenemase (KPC) e que desconhece casos isolados porque o problema ainda não é de notificação compulsória.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve tornar a notificação obrigatória a partir de sexta.
A Folha apurou que em dez hospitais públicos e privados de São Paulo houve o registro de ao menos 90 casos da KPC, desde o início do ano. No Edmundo Vasconcellos, por exemplo, houve nove casos, com três mortes. No Sírio-Libanês, foram cinco casos, no Oswaldo Cruz, três, e no Albert Einstein três.
No momento, o maior foco de infecção está no Distrito Federal, que contabiliza 15 mortes e 135 casos confirmados. Ontem, o ministro José Gomes Temporão disse que, pelas informações da sua pasta, só havia casos em hospitais de Brasília.
No comunicado, a secretaria reforçou as medidas de prevenção para evitar a proliferação dos casos não só da KPC mas de outras bactérias superresistentes. Entre elas, está o isolamento de pacientes sem os sintomas da infecção, medida já tomada por alguns hospitais, como Albert Einstein, Sírio-Libanês e Oswaldo Cruz.
ISOLAMENTO
A regra é clara: pacientes que estão internados há muito tempo (dentro e fora da UTI) ou que usam vários tipos de antibiótico devem fazer exames para a detecção da KPC, mesmo sem sintomas da infecção.
Se a KPC estiver presente, o paciente é isolado em um quarto até obter alta. Sem os sintomas, não há recomendação de tratamento com antibióticos, basta monitorar o paciente, diz o infectologista Luiz Fernando Aranha Camargo, do Einstein.
No Oswaldo Cruz, se o paciente vem de outro hospital, ele é automaticamente isolado. "Ele entra em isolamento independentemente da condição de portar ou não a bactéria. Depois, a gente avalia a necessidade de manter o isolamento", afirma Gilberto Turcatto, infectologista.
O paciente permanece "fichado" mesmo depois da alta hospitalar. Se ele voltar a ser internado, ficará isolado até que novos exames comprovem a ausência da KPC.
Segundo Maria Beatriz Souza Dias, infectologista do Sírio, além do isolamento, há uma série de precauções adotadas, entre elas a sinalização de quartos e objetos usados pelo paciente, para evitar que profissionais da saúde levem a bactéria para outros locais do hospital.
Para o infectologista Artur Timerman, do Hospital Edmundo Vasconcelos, a grande preocupação reside na maioria dos hospitais públicos que não têm nem comissões de infecção estruturadas nem laboratórios de microbiologia capazes de isolar a bactéria. "Tem muito lugar que nem sabe se a bactéria está circulando ou não."

Nenhum comentário:

Postar um comentário