domingo, 3 de outubro de 2010

Uso de células-tronco contra silicose é seguro em humanos

A primeira terapia com células-tronco para tratamento da silicose -inflamação pulmonar sem cura causada pela inalação de pó de sílica- é brasileira e acaba de ter sua segurança comprovada.
Cerca de 6 milhões de pessoas no país estão expostas à inalação contínua de sílica, principal componente da areia e matéria-prima para o vidro, a maioria do setor naval e de mineração.
Pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) desenvolveram a técnica, pioneira no mundo, e apresentam hoje os primeiros resultados no 5º Congresso Brasileiro de Células Tronco, em Gramado (RS).
"A fase um [que comprova a segurança do estudo] está quase terminando e nós já conseguimos provar que o método é extremamente seguro para os pacientes", disse à Folha Marcelo Morales, professor da UFRJ e um dos coordenadores do projeto.
Cinco voluntários participaram do experimento, que usa células-tronco retiradas da medula óssea dos próprios pacientes.
Cada um recebeu apenas uma dose do material, que é injetado diretamente no pulmão através de uma broncoscopia --espécie de endoscopia pulmonar que permite acessar diretamente as vias respiratórias.
O uso da broncoscopia nesse tipo de terapia, de acordo com o cientista, também é inédito no mundo.
"Uma dose é suficiente para conter o avanço da inflamação durante um certo período. Nossa pesquisa mostrou que são necessárias várias delas para o tratamento contínuo e eficaz da silicose", afirmou o professor.
Segundo Morales, a quantidade de pacientes ainda é muito pequena para confirmar os efeitos do tratamento, mas já há indícios de que os resultados sejam positivos. O tratamento, porém, não tem previsão de chegar ao mercado nos próximos anos.
"No teste da esteira, que avalia a capacidade respiratória, eles apresentaram melhora perceptível."
Experimentos com animais em laboratório mostraram que a terapia com células-tronco conteve o avanço da inflamação pulmonar e aumentou significativamente a capacidade respiratória e a sobrevida das cobaias.
A UFRJ também investiga o uso de células-tronco em outras doenças pulmonares. A equipe já teve resultados positivos no tratamento de enfisema, asma e síndrome do desconforto respiratório.

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