sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Surto de cólera que já matou 138 no Haiti "é do pior tipo", diz ministro da Saúde

O surto de cólera que já matou 138 pessoas no Haiti é do tipo mais perigoso, afirmou nesta sexta-feira o ministro da Saúde, Ariel Henry, após reunião de crise mantida com o presidente René Préval para adotar medidas para conter a propagação da doença.
Larsen informou que a cepa é do tipo "01", que, segundo a OMS, está na origem da maioria das epidemias desta doença no mundo.
As autoridades estão preocupadas ante a possibilidade de que a epidemia se propague em consequência da mobilização da população nos acampamentos improvisados depois do terremoto de 12 de janeiro e onde moram milhares de pessoas.
Hoje pela manhã, Préval já havia confirmado que o surto de diarreia que aflige o país é decorrente do cólera e que ao menos 138 já morreram, na maior crise sanitária desde o terremoto de 12 de janeiro. "Posso confirmar que é cólera", afirmou.
De acordo com a ONU, o governo haitiano já notificou à Organização Mundial da Saúde (OMS) as 138 mortes e 1.526 casos do surto, principalmente na região de Baixa Artibonite, mas também no Planalto Central, ambas ao norte da capital, Porto Príncipe.
Os hospitais locais estão superlotados de pacientes com diarreia, e as vítimas morrem por causa de uma rápida desidratação, às vezes em questão de horas, segundo as autoridades.
SUPERLOTAÇÃO
Equipes médicas que ainda estão no Haiti para a operação de ajuda pós-terremoto foram enviadas à região do surto, ao redor da localidade de Saint-Marc, uma zona agrícola que recebeu muitos sobreviventes do terremoto.
Segundo rádios locais, a situação mais grave ocorre em Saint-Marc, 100 km ao norte de Porto Príncipe, onde há 26 óbitos e mais de 400 hospitalizados. Em Verette, na mesma zona, a cólera matou 18 pessoas, e outras três faleceram em Mirebalais, no centro do país.
Segundo o chefe do Departamento de Saúde do governo, Gabriel Thimote, as vítimas são de várias idades, mas que jovens e velhos aparentemente são mais afetados. Thimote disse que não há por enquanto relatos dos casos de diarreia em Porto Príncipe.
A OMS e a ONU, no entanto, ainda não confirmam que se trata de uma epidemia de cólera, pois aguardam resultados de exames laboratoriais.
O cólera é uma doença aguda transmitida por meio de água e alimentos contaminados. Ela causa diarreia aquosa e uma desidratação severa, que pode matar em questão de horas se não for tratada.
Especialistas dizem que até 80% dos casos de cólera podem ser tratados satisfatoriamente com sais orais de reidratação. Água limpa e saneamento básico são cruciais para reduzir o impacto do cólera e de outras doenças transmitidas pela água. TERREMOTO
O terremoto de janeiro matou até 300 mil pessoas e deixou outras cerca de 1,5 milhão vivendo em acampamentos superlotados de Porto Príncipe e arredores.
Apesar dos temores iniciais de epidemias nessas condições, a enorme operação humanitária internacional evitou surtos graves de doenças contagiosas na devastada capital do Haiti, país mais pobre das Américas.
Agências de ajuda humanitária têm manifestado durante meses seu receio de surtos de doenças que poderiam se espalhar rapidamente no Haiti devido às precárias condições sanitárias nos acampamentos de desabrigados, com pouco acesso à água potável.
O empobrecido país do Caribe tem sido atingido nos últimos dias por grandes inundações, piorando a miséria daqueles que lutam para sobreviver em barracas e acampamentos que agora permeiam o país.

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