terça-feira, 20 de outubro de 2009

Nordeste tem menor cobertura de testes de HIV

O Nordeste é a região brasileira com o menor índice de realização de testes para detecção do HIV, vírus causador da Aids. De acordo com a Pesquisa de Comportamento, Atitudes e Práticas na População Brasileira (Pcap) 2008, do Ministério da Saúde (MS), apenas 26,6% da população nordestina já fez o exame, enquanto que a região em que as pessoas mais realizam testes para a detecção da infecção pelo HIV foi a Centro-Oeste, com 43,8%. No Sudeste, 41% já fizeram o exame e, no Sul, o percentual foi de 38,9%. No Norte, 31,9% fizeram teste para o HIV.Para agilizar e ampliar o diagnóstico do HIV, o Ministério da Saúde criou novas normas para a realização dos testes anti-HIV, que incluem também a coleta de sangue em papel-filtro, permitindo o envio das amostras pelo correio e facilitando o acesso onde o exame não é oferecido. Aumentar o diagnóstico no Brasil - onde estima-se que 255 mil, das 630 mil pessoas infectadas pelo HIV, ainda não se testaram - é um desafio para o Ministério da Saúde. Por causa disso, as metodologias para a realização dos testes de HIV, desde a última sexta-feira, 16, mudaram tanto para a rede pública como para a privada.A partir de então, com a aquisição de formas mais modernas, o exame vai ser realizado em duas etapas - em vez de três - e vai permitir formas mais viáveis e baratas de armazenamento, por meio da coleta de amostras de sangue em papel-filtro. Também vai privilegiar a adoção de técnicas de biologia molecular e os testes rápidos.Complexidade-O diretor do Laboratório Central do Estado do Ceará (Lacen), Ricardo Carvalho, disse que as mudanças propostas na portaria são complexas e já estão sendo estudadas pela equipe técnica da unidade. No entanto, apesar de ainda não definir data para serem aplicadas, destaca que vai ser importante para que, cada vez mais, a população tenha acesso ao teste de HIV. Até o momento, conforme Carvalho, o Lacen realizou, em 2009, 46.878 testes de HIV no Estado.Uma amostra de sangue positivo para HIV passava por até três etapas antes da conclusão do resultado. Agora, com as novas normas, passará por apenas duas etapas, sem qualquer perda na confiabilidade do diagnóstico. O Ministério da Saúde aponta que há também ganho econômico com a redução do número de testes.O novo documento também abre, pela primeira vez, a possibilidade de se realizar testes com sangue seco, utilizando a coleta em papel-filtro. A principal vantagem do método é o armazenamento da amostra de sangue por até 12 semanas sem refrigeração. Essa metodologia, pela sua praticidade, dispensa a necessidade de coleta e transporte especializados, baixando o custo dos exames.Outra vantagem é o envio de material pelo correio, levando os meios diagnósticos dos centros urbanos aos locais mais distantes, onde não há capacidade laboratorial disponível.FIQUE POR DENTRO -CTA faz teste de forma anônima e gratuitaO diagnóstico da infecção pelo HIV é feito por testes, realizados a partir da coleta de uma amostra de sangue. Esses testes podem ser feitos em unidades básicas de saúde, Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) e laboratórios particulares.No CTA, o teste anti-HIV pode ser feito de forma anônima e gratuita. Além da coleta e da execução dos testes, há um processo de aconselhamento, antes e depois do teste, feito de forma cuidadosa a fim de facilitar a correta interpretação do resultado, tanto pelo profissional de saúde como pelo paciente.O teste é realizado após coleta simples de sangue, com material e agulha descartáveis.Para fazer o teste, a população pode procurar diretamente o Centro de Testagem Anônima (CTA/Coas), que funciona no Centro de Saúde Carlos Ribeiro, na Rua Jacinto de Matos, 944, no Jacarecanga. Ali, sem necessidade de indicação médica, o usuário tem acesso de forma direta a testes de HIV, sífilis, hepatites B e C e aconselhamento.UNIVERSALIZAÇÃO-Acesso no Interior do Ceará ainda é problema-No Ceará, o acesso aos testes de HIV, principalmente no Interior do Estado, ainda é um problema. O presidente da organização não-governamental Grupo de Resistência Asa Branca (Grab), Francisco Pedrosa, destaca que os exames deveriam ser oferecidos na atenção básica, no entanto, nem sempre isso acontece no Interior."Em alguns municípios, existe realmente o problema do acesso porque a pessoa tem de se deslocar para outra cidade ou para Fortaleza a fim de fazer o exame. Isso acontece também com a grávidas. As dificuldades vão desde a locomoção até o recebimento do exame. Muita gente não tem nem condições de pagar passagem, hospedagem e, às vezes, não volta para pegar o resultado", disse.Conforme Pedrosa, a ampliação do acesso aos exames é importante, já que o diagnóstico precoce da doença ainda é um dos principais fatores para diminuir a mortalidade pela Aids, que é alta no Estado. Além disso, com relação às grávidas, ele destaca que o diagnóstico precoce consegue reduzir em até 99% as chances de o bebê nascer contaminado pelo vírus HIV, por transmissão vertical.Em Fortaleza, o presidente do Grab aponta que o acesso é bem melhor do que no Interior e que existe um Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), que é referência na Capital.

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