quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Brasil pode alcançar os EUA

Quatro meses após o início da pandemia, o Brasil se aproxima dos Estados Unidos na incômoda marca de país com maior número de mortes por gripe suína no mundo e, com 512 óbitos confirmados, está a apenas dez de alcançar os americanos, que, muito mais próximos do México, foco inicial da doença, também começaram a sofrer sua disseminação logo no início, em abril – no Brasil, o primeiro caso nova gripe suína foi confirmado somente no mês seguinte, maio.
O número de mortes no Brasil é calculado com base no boletim mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde – no último dia 18, com dados até o dia 15 – mais os óbitos confirmados desde então pelas secretarias de saúde dos estados.
Hoje, o Ministério da Saúde deve divulgar um novo boletim com dados atualizados.
Além do número absoluto de mortes, o Brasil se distancia de países como os próprios Estados Unidos na proporção de mortes por casos confirmados da doença, o que especialistas atribuem principalmente a uma provável subnotificação dos casos, o que, no entanto, também é apontado como fator prejudicial ao combate da pandemia.
Considerando o último boletim oficial do Ministério da Saúde, de 15 de agosto, o número de mortes confirmadas até então por gripe suína no Brasil (368) chegava a 9,91% dos casos registrados (3.712).
Na mesma data, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos registrava 34.076 contágios pelo vírus H1N1, dos quais as 522 mortes confirmados até agora representam apenas 0,65% do total de pacientes.
Para Juvêncio Furtado, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, é impossível calcular uma mortalidade precisa por número de doentes.
– Seria um cálculo em cima de um número que a gente não tem, tanto pela quantidade de pacientes quanto pela população. Não é muito diferente dos Estados Unidos – afirma o médico, que aponta a falta de kits para diagnóstico como a vilã da história.
– É a lei da oferta e da procura.
O que se sabe é que o Ministério da Saúde está liberando o kit só para casos graves.
De acordo com o Ministério da Saúde, o diagnóstico diferencial da gripe suína é de alta complexidade e não tem relação direta com o tratamento. Ainda segundo o ministério, “a medida foi anunciada há dois meses quando mais de 70% das amostras de casos suspeitos analisadas não eram influenza (gripe), mas outros vírus respiratórios”.
Para o infectologista Alex Botsaris, o problema foi justamente a estratégia do ministério de tratar somente os casos graves com tratamento específico para gripe suína, “enquanto os Estados Unidos trataram todas as pessoas que aparentassem sintomas e conseguiram segurar a mortalidade”.
Botsaris relaciona a disseminação do vírus H1N1 no Brasil à limitação do tratamento pelo governo, assim ocorreu na Argentina, e refuta a versão de que a mortalidade só estaria diminuindo nos países do Hemisfério Norte por eles estarem no verão – estação menos propícia à gripe.
– Na Austrália, país do Hemisfério Sul, também no inverno, o governo liberou o medicamento para pacientes com sintomas e o índice de mortes é bem menor.
Segundo o site do Ministério da Saúde australiano, são 132 mortes por gripe suína para 33.844 casos confirmados – proporção de 2,5%, bem inferior à brasileira.
Edmilson Migowsky, professor de doenças infecciosas da UFRJ, critica outra justificativa do governo brasileiro, de limitar remédios recomendados para a nova gripe, como o Tamiflu, para evitar resistências ao vírus. – Países que liberaram a medicação tiveram redução nas mortes. Na Inglaterra houve resistência ao medicamento, porque os ingleses foram medicados.
Então, acontece assim: a Inglaterra fica com a resistência ao medicamento, a gente fica com as mortes. O que é melhor? Não é preciso pensar muito.
Além do número absoluto chegar perto, Brasil tem mais mortes por casos confirmados
O Ministério da Saúde está liberando o kit só para casos graves Juvêncio Furtado Presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia “
“Na Austrália, país do Hemisfério Sul, o índice de mortes é bem menor Alex Botsaris Infectologista
516 casos deixam o Brasil a seis mortes da liderança de óbitos pela gripe suína
O Ministério da Saúde anunciou uma mortalidade baixa muito cedo Edmilson Migowsky Professor de doenças infecciosas da UFRJ “

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