segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Suspensão de uso de estatinas aumenta riscos após infarto

Pesquisadores brasileiros descobriram que a suspensão do uso de estatinas durante a fase aguda do infarto provoca um efeito inflamatório rebote capaz de aumentar em duas ou três vezes a chance de complicações e, até mesmo, a morte do paciente. A descoberta, inédita, foi feita por pesquisadores da Universidade de Brasília e publicada no periódico científico "Atherosclerosis".
Por não ser um medicamento usado para tratar o infarto (apenas para preveni-lo), muitos médicos, ao lidar com a emergência, suspendem seu uso. Mas já se suspeitava que, nesses casos, a retirada do remédio poderia provocar danos.
Estudos americanos, que acompanharam mais de 150 mil pacientes, já tinham constatado o aumento da mortalidade em pessoas que deixavam de tomar estatinas logo após sofrerem um infarto.
Para chegarem ao resultado, os pesquisadores da UnB analisaram os níveis da proteína C-reativa, um marcador da atividade inflamatória, em grupos de pacientes.
Durante o infarto, há uma forte resposta inflamatória do organismo resultante da lesão sofrida pelo músculo cardíaco.
Nos pacientes que não tomavam o remédio regularmente, a intensidade da inflamação aumentou de dez a 12 vezes. Nos pacientes que eram usuários regulares de estatinas e pararam de tomá-las na fase aguda do infarto, a atividade inflamatória aumentou 35 vezes.
Além de diminuir a quantidade de colesterol em circulação, as estatinas têm um efeito anti-inflamatório. Por isso, quando o paciente deixa de tomá-las na fase aguda do infarto, há uma ativação exacerbada de um mecanismo envolvido na resposta inflamatória do organismo que estava inibido pela ação do remédio.
"É importante frisar que não há nenhum problema em parar de tomar estatinas se a pessoa não está tendo um infarto. Esse efeito rebote só ocorre na fase aguda da doença", ressalta o cardiologista Andrei Sposito, da UnB, um dos líderes do estudo. "Mas, apesar de segura nesses casos, a suspensão do remédio não deve ser feita para que seja possível prevenir doenças cardíacas futuras."

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